Nanotecnologia: Artigo publicado na Nature revela comportamento de novo material

Crescimento de “nanoclusters” de prata no tungstato de prata foi observado por pesquisadores do CDMF: fato é inédito na literatura

O tungstato de prata (Ag2WO4) é um material multifuncional sintetizado em laboratório que, quando exposto a condições específicas, apresenta aplicações tecnológicas associadas a propriedades como a fotoluminescência, que é aplicada em equipamentos que utilizam LED, sendo também bactericida, fungicida e sensor de gases. O trabalho está entre os artigos mais citados e acessados nas revistas científicas da Royal Society of Chemistry (RSC).

A descoberta realizada pelos pesquisadores do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) pode aprimorar a compreensão sobre o comportamento do Ag2WO4. Um artigo assinado por pesquisadores do Centro e publicado na revista Scientific Reports – Nature, uma das mais importantes publicações científicas do mundo, revelou que a prata crescida na superfície do Ag2WO4 sofre um processo de desagregação.

O artigo foi assinado pelos pesquisadores Elson Longo, Waldir Avansi Jr., Jefferson Bettini, Juan Andrés e Lourdes Gracia. A pesquisa com o tungstato de prata é feita através de uma parceria entre a Universidade Federal de São Carlos (USFCar), Universidade Estadual Paulista (UNESP) e a Universidade Jaume I, da Espanha. O artigo publicado na revista Scientific Reports – Nature pode ser encontrado no link: http://www.nature.com/articles/srep21498.

O coordenador do CDMF, professor Elson Longo, explica que as análises feitas a partir do microscópio eletrônico de transmissão (MET) mostraram que na ponta do filamento da prata havia uma nuvem de partículas menores do mesmo material – que interagem formando nanopartículas ainda menores, conhecidas como nanoclusters. “Esse fenômeno nunca foi observado antes na literatura especializada”, disse.

Para que o filamento de prata cresça na superfície do tungstato de prata, o microscópio de transmissão irradia um feixe de elétrons no material. Através da interação entre os elétrons que batem nos íons de prata e se reduzem, os pesquisadores obtém o crescimento do filamento de prata na superfície doAg2WO4. Este tratamento com elétrons melhora suas  propriedades fotoluminescente, de fotodegradação e a atividade bactericida.

Com o avanço das técnicas e o aprimoramento tecnológico na área de microscopia eletrônica de alta resolução é possível observar um novo universo nos estudos em nanotecnologia. Segundo Longo, essa descoberta ajuda no entendimento sobre o comportamento de materiais nanométricos. “O artigo publicado na ScientificReports melhora a compreensão do fenômeno de interação entre o elétron, partícula, com a matéria, tungstato de prata”.

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O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiados pela FAPESP. O Centro também recebe investimento do CNPq, a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).