O Laboratório de Difusão Científica (LaDiC) do Grupo de Pesquisa Crescimento de Cristais e Materiais Cerâmicos (CCMC), desenvolve, desde o ano 2000 ações de disseminação do conhecimento para o público em geral no âmbito dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs/FAPESP), dos quais o CCMC é membro. Atualmente, fazendo parte do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF/CEPID/FAPESP), o LaDiC está ministrando através da integrante Amanda Murgo o minicurso “História da Ciência, Meio Ambiente e Energia – as demandas por energia no decorrer da História”, desenvolvido sob orientação do Professor Antonio Carlos Hernandes. O minicurso está sendo ofertado para crianças de 10 e 11 anos do Projeto Pequeno Cidadão, mantido pela KPMG e realizado em parceria com diversas empresas e parceiros, entre elas, a USP de São Carlos, local onde o Projeto ocorre.
O Projeto Pequeno Cidadão é voltado a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade econômica e tem por objetivo investir na formação da criança e do adolescente, promovendo a educação, a cultura e oportunizando o acesso dos jovens inscritos ao mercado de trabalho. Neste sentido, após o contato da pesquisadora Amanda Murgo com a diretora do Projeto, Elaine Trimmer e toda sua equipe, uma parceria foi estabelecida para o mês de agosto e início de setembro, com aulas para a turma das crianças iniciantes. Ao todo, são 60 alunos, os quais assistem o minicurso divididos em duas turmas, nas terças-feiras e quintas-feiras pela manhã.
Sobre o minicurso
O ritmo acelerado de alterações ambientais em âmbito global é muito evidente no mundo contemporâneo e sua gênese remonta a meados do século XVIII, com a Revolução Industrial Inglesa, a qual teve como marco a mudança nas técnicas de produção, que passou a ocorrer em larga escala com o advento da máquina a vapor, a intensificação dos centros urbanos, o aumento populacional e, como elemento que intentamos destacar, o desenvolvimento tecnocientífico. Entretanto, embora nem sempre tenham ocorrido em escala global, alterações ambientais estão diretamente atreladas à evolução tecno-científica que acompanha a própria evolução humana desde os mais remotos tempos.
Sob a ótica da demanda por energia, observa-se que da Pré-História à contemporaneidade, este é um dos fatores que promovem alterações ambientais de origem antrópica, motivo pelo qual elegemos este fator para evidenciar como o ser humano munido do conhecimento técnico e científico evoluiu a escala de alteração ambiental, sobretudo na sociedade contemporânea, consumidora de energia como em nenhum outro período da História. Esta temática, por sua atualidade e perfeita convergência com a necessidade de conscientização dos cidadãos, é de extrema pertinência para ser abordada de maneira multidisciplinar em conteúdos escolares de nível básico. Por esta razão, o estudo desenvolvido sobre esta temática no Laboratório de Difusão Científica (LaDiC/CCMC/IFSC/USP/CDMF) foi transformado em um minicurso para ser ministrado a professores e alunos de Ensino Básico, com as devidas adaptações didáticas e de linguagem para cada público de modo que possam ser multiplicadores das informações reunidas nesta pesquisa.
Divulgar a História da Ciência e da evolução das tecnologias e seus impactos ambientais no decorrer do desenvolvimento das sociedades nos ajuda, portanto, a pensar ética e responsavelmente numa ação mais ampla, que abarque, inclusive, as gerações que não farão parte da nossa convivência, mas que terão por herança, no futuro, o que fizermos de nosso meio ambiente e recursos naturais no presente.
Primeiras intervenções
As duas primeiras aulas do minicurso realizadas até então, tiveram por objetivo abordar os modos de vida e demandas por energia no período da Pré-História e Antiguidade e como era a relação dos homens com a natureza, alterando-a para adaptá-la às suas necessidades. Aspectos como as primeiras fontes de energia utilizadas pelos seres-humanos da idade da Pedra como o fogo, a energia dos alimentos e do sol, tomaram forma com uma brincadeira que colocou a criançada para entrar de olhos fechados em uma simulação da vida noturna dos homens pré-históricos, submetidos às intempéries naturais e às dificuldades que a falta de iluminação noturna e aquecimento causavam aos nossos antepassados. Após essa vivência, cheia de sons da natureza e pouca iluminação, iniciou-se as aulas que apontaram as formas de vida dos homens pré-históricos, domínio técnico, e como interagiam com o meio ambiente, alterando-o em escala pequena, demonstrando que a necessidade de Energia é tão antiga quanto a história humana.
Já na aula sobre o período da Antiguidade, observou-se com as crianças que o domínio técnico e o surgimento das civilizações mais avançadas começam a ocasionar intervenções maiores no ambiente natural em busca de energia. Com a técnica mais refinada, o homem passa a utilizar a força muscular humana e animal e também outras fontes de energia na natureza, como a força das águas e dos ventos para o acionamento de instrumentos mecânicos. Um filme sobre como o povo Romano utilizou com maestria a água para geração de energia mecânica foi passado às crianças, mostrando que desde milênios atrás, a necessidade de energia para sustentar o dia-a-dia dos povos se fez presente.
Ao final das duas primeiras aulas, as crianças foram convidadas a realizarem uma brincadeira para fixarem os conteúdos aprendidos. Divididos em turmas, brincamos de Telejornalistas do Jornal da História, em que eram enviados para o passado repórteres para entrevistar os homens que viviam na pré-História e, a partir de perguntas formuladas pelas crianças, os homens das cavernas explicarem como era seu cotidiano com as fontes de energia dominadas até então. As crianças foram divididas de modo a representarem os homens das cavernas, os âncoras que apresentariam o jornal e os repórteres que curiosos, indagariam como era a vida nos tempos remotos.
O minicurso abordará, nas próximas semanas as formas de vida e demandas por energia na Idade Média, Idade Moderna e nos dias atuais, contextualizando as grandes devastações ambientais promovidas pela ação humana na busca pela energia. O objetivo será suscitar entre os alunos uma reflexão: como a ciência e a tecnologia desenvolvida até agora, podem auxiliar os seres-humanos a não apenas dominar fontes de energia, mas gerar energia de um modo ambientalmente sustentável.
Assessoria de Comunicação do CCMC: Amanda Murgo