A etiqueta de identificação que fica dentro das embalagens de carne nos supermercados receberá um material antimicrobiano que traz mais segurança ao alimento. O material, à base de prata, foi desenvolvido com a tecnologia da NANOX, uma spin-off do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), em parceria com a Alpes Filmes, indústria de embalagens.
A etiqueta interna serve para a identificação do alimento refrigerado. Normalmente, ela fica dentro da embalagem para evitar falsificações e também porque, caso fixada na parte externa, a umidade pode descolar a etiqueta e prejudicar a sua função.
A carne, assim como outros alimentos frescos que são manuseados e embalados, requerem processos de transporte e estocagem higiênicos, que ofereçam segurança para o consumidor. Daniel Minozzi, um dos diretores da NANOX Tecnologia, explica que a etiqueta é feita de material plástico, de acordo com as regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e FDA (United State Food and Drugs Administration). “O plástico da etiqueta recebe um composto à base de prata, que possui elevada eficiência como agente antimicrobiano”, disse.
Minozzi explica também que o material não apresenta toxidade nem migração do composto para o alimento embalado. “Seu uso não altera as propriedades físico-químicas das etiquetas, nem do alimento”.
Os testes com a nova etiqueta mostraram que a prata melhora a segurança e inibe as contaminações cruzadas por onde a etiqueta pode passar, como armazéns, estoques, transportes e no próprio processo de impressão e manuseio nessa cadeia e no processo de embalagem da carne e outros alimentos que utilizam o modelo de etiqueta interna.
Segurança no Alimento
Mesmo que ainda não tenham sido feitos estudos dos efeitos indiretos do aumento de prazo de validade por sua aplicação, Minozzi aponta que a tecnologia presente na etiqueta proporciona melhoria da qualidade do produto, pois evita contaminações cruzadas. “Esse tipo de tecnologia empregada nas etiquetas pode diminuir desperdício de possíveis lotes contaminados e peças embaladas com etiquetas mal higienizadas, é muito comum identificarmos essa variação do produto na gondola no varejo”, disse.
O professor Elson Longo, diretor do CDMF e professor do Instituto de Química da Unesp de Araraquara, afirma que o investimento em segurança de alimentos é importante, pois reflete na qualidade nutricional do alimento, no ganho contra o desperdício e na saúde do consumidor. “A NANOX foi pioneira no Brasil em produzir nanoparticulas bactericidas. Este novo produto mostra a sua criatividade e as possibilidades que a nanotecnologia pode nos trazer”, disse.
Sobre o CDMF
O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), apoiados pela FAPESP. O Centro também recebe investimento do CNPq, a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN), integrando uma rede de pesquisa entre Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade de São Paulo (USP) e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).