O uso de formaldeídos em tratamentos de alisamento capilar foi proibido na comunidade islâmica. A proibição foi adotada pois a substância ia contra o Halal – conjunto de comportamentos e alimentos permitidos pela comunidade – uma vez que se constatou que esses compostos formam um filme (polímero) dentro da fibra capilar, impedindo que a água limpe (purifique) adequadamente a fibra. Diante disso, outros compostos também foram proibidos pelo Halal como, por exemplo, o ácido glioxílico que também é um alisador ácido, de fórmula semelhante ao formol.
A Katléia, Centro Avançado de Diagnóstico Capilar, laboratório especializado em testes físico-químicos de fibras capilares, Spin Off do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF/CEPID/FAPESP) foi contratada para verificar se a água permeava o interior das fibras capilares alisadas com ácido glioxílico promovendo a limpeza e purificação adequada da mesma.
Para se investigar a questão utilizou-se o ensaio de resistência mecânica de fibras capilares virgens, alisadas com formaldeído e ácido glioxílico em um estudo comparativo.
A tensão de ruptura da fibra do cabelo bem como sua deformação na ruptura se modificam conforme o grau de hidratação da fibra capilar. Assim, quando a fibra está com 100% de umidade ela apresenta menor tensão de ruptura e maior deformação específica.
Depois de diversos ensaios de fibras capilares secas e molhadas as curvas de tensão x deformação das fibras alisadas com ácido glioxílico se apresentam muito semelhantes ao dos padrões virgens, ao contrário do o que ocorreu com as fibras alisadas com formaldeído.
A Katléia e o CDMF também elucidaram os mecanismos de modificações físico-químicas que ocorrem durante o alisamento com o formaldeído e com o ácido glioxílico. Ficou demonstrado que o ácido gloxílico não se polimeriza dentro da fibra como ocorre com o formaldeído.
O estudo foi verificado por uma comissão científica muçulmana e o ácido glioxílico teve sua utilização liberada na comunidade islâmica.