Invisibilidade? Brasileiros estão mais perto de fazer disso uma realidade
Do UOL, em São Paulo 20/01/2018 14h23
Há milênios, a humanidade é fascinada pela ideia de invisibilidade. Desde a Antiguidade com o Anel de Giges de Platão até versões mais modernas como “O Homem Invisível” de H.G. Wells, a camuflagem do Predador e mesmo a Capa de Invisibilidade de Harry Potter, todos nós já ao menos pensamos como seria ter a habilidade de não poder ser visto por ninguém.
Agora, uma pesquisa de âmbito internacional que envolve cientistas brasileiros pode tornar isto mais próximo da realidade.
Publicado na renomada revista Science, o artigo “Chiromagnetic nanoparticles and gels” é resultado de um projeto conjunto de 3 anos entre a University of Michigan e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) sobre a descoberta de um composto de nanopartículas de óxido de cobalto sintetizadas na presença do aminoácido L-cisteína, que em teoria é capaz de tornar um material invisível.
O objetivo da pesquisa era encontrar algo com propriedades tanto de magnetização – que pode mover e distorcer a direção da luz – e com quiralidade, que não podem ser sobrepostas às suas imagens especulares.
“A cisteína é um dos aminoácidos naturais e, como tal, só ocorre na natureza em uma de suas formas quirais, a L-cisteína”, explicou o professor André Farias de Moura, que liderou a pesquisa na universidade brasileira. As nanopartículas de óxido de cobalto foram estudadas na University of Michigan, por serem conhecidas por suas propriedades magnéticas.
Utilizando o supercomputador brasileiro SDumont, os cientistas demonstraram onde e como as moléculas de cisteína se ligam às nanopartículas de óxido de cobalto, como essas estruturas vibram e se movem e como os elétrons se reorganizam quando a luz é absorvida.
De acordo com Moura, isto ainda não torna o material realmente invisível, propriamente, mas mostra que eles estão na direção certa.
“Dando sequência à pesquisa, esperamos formar uma biblioteca de nanopartículas quirais diversas, que serão usadas como blocos de montagem para estruturas maiores e mais complexas, e com um controle ainda maior da interação do material com a luz. Esse será um grande objetivo nos próximos anos, tanto na síntese e caracterização experimental dos novos materiais, como na modelagem computacional de suas propriedades e funcionalidades”, explicou.
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