Coordenador de Difusão do CDMF fala sobre exploração espacial em reportagem do Estadão

Governos trocam competição por projetos conjuntos no espaço

Governos trocam competição por projetos conjuntos no espaço
LUA1 - CIDADES - A Deep Space Gateway será a primeira estação espacial na órbita da Lua e deverá ter seus primeiros módulos lançados entre 2024 e 2026 pelas agências espaciais da Rússia e dos Estados Unidos; as tecnologias que forem desenvolvidas na nova estação serão utilizadas em futuras explorações da superfície da Lua e, mais tarde, servirão para a missão tripulada a Marte. Foto: NASA

Na edição do último domingo (28/01) oestadão trouxe uma matéria de autoria de Fábio de Castro relatando a mudança de postura dos países em relação ao investimento em programas de exploração espacial. Uma das fontes consultadas pelo jornalista para a reportagem foi Adilson de Oliveira, professor do Departamento de Física da Universidade Federal de São Carlos (DF – UFSCar) e Coordenador de Difusão do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF – Cepid – Fapesp).

Acompanhe a reportagem a seguir:

Governos trocam competição por projetos conjuntos no espaço

Com desafios tecnológicos e financeiros de missões espaciais cada vez mais ambiciosas, países intensificam cooperação científica

Fábio de Castro, O Estado de S.Paulo

28 Janeiro 2018 | 05h00

Embora as empresas estejam começando a dominar a nova agenda da exploração espacial, incluindo a jornada a Marte, os governos não saíram de cena – apenas trocaram a agressiva competição do passado pela estreita cooperação científica.

De acordo com o físico Adílson Oliveira, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), intensificar essas parcerias internacionais foi a única saída para o futuro da exploração espacial. “Esses novos projetos são muito mais caros e ambiciosos e nenhum governo tem recursos suficientes para bancar isso sozinho. Na época da corrida espacial, isso era orçamento militar e, por isso, havia briga política. Hoje os componentes de computadores são feitos na China, o design das naves é americano e a tecnologia para colocar em órbita, russa”, explica.

“A exploração espacial deixou de ser uma disputa política e gera cada vez mais interesse comercial”, complementa.

A corrida espacial

A aventura iniciada há mais de 60 anos entra em nova fase

A necessidade de parcerias é suficiente para que os países superem as tensões políticas entre eles, como ficou claro em setembro de 2017, quando os Estados Unidos e a Rússia chegaram a um acordo para construir a primeira estação espacial na órbita da Lua – uma etapa do plano para envio de missões tripuladas a Marte. Enquanto isso, a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Rússia se uniram no programa ExoMars, que tem o objetivo de buscar vida em Marte. A primeira fase consiste em uma nave “farejadora” de metano e um módulo de pouso. A segunda fase prevê o lançamento de um veículo equipado com perfuratrizes, a ser enviado a Marte em 2020.

A Nasa e a Agência Espacial Indiana – que enviou sua nave Mangalyaan à órbita marciana em setembro de 2014 – formaram um grupo conjunto de pesquisas para aumentar a cooperação entre os dois países nas missões ao planeta vermelho.

Japão e Índia também anunciaram, em meados de novembro do ano passado, que estão montando um programa conjunto para exploração da Lua. A Agência Espacial do Japão planeja lançar uma missão de ida e volta a duas das Luas de Marte, Fobos e Deimos, no início da década de 2020. Contando com a cooperação de várias nações, a China tem planos para enviar um veículo robótico para explorar a superfície do planeta vermelho em 2020 e está trabalhando em uma missão para coletar amostras marcianas e trazê-las à Terra em 2030.

Os Emirados Árabes também estão construindo uma nave que deverá ser enviada à órbita de Marte pelos japoneses, em 2020, com o objetivo de compreender a história das transformações do clima marciano. Outros países que não tinham programas espaciais começaram a se alinhar. No dia 25 de setembro, a Austrália anunciou a criação de uma Agência Espacial Australiana. De acordo com o governo do país, o objetivo é “aumentar o interesse australiano nas estrelas, além de fornecer uma ligação com outras agências espaciais e empresas que irão lidar cada vez mais com as viagens, a exploração e a pesquisa espaciais”.

Oliveira explica que uma viagem a Marte é uma tarefa tão desafiadora e dispendiosa que, mesmo com protagonismo das empresas, o envolvimento dos governos permanece indispensável. “No momento nenhuma empresa é capaz de investir algo na escala de US$ 100 bilhões só para ir a Marte”, diz.

Brasil

De acordo com o presidente da Agência Espacial Brasileira, José Raimundo Coelho, o Brasil mantém parcerias com a China, a Índia, os Estados Unidos, a Rússia e diversos países europeus. “O setor público não deverá se subtrair dos novos desafios da exploração espacial. Por outro lado, sabemos que a evolução da área espacial, antes totalmente subvencionada pelos governos, hoje depende muito da iniciativa privada.”

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O Laboratório Aberto de Interatividade para Disseminação do Conhecimento Científico e Tecnológico (LAbI), vinculado à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é voltado à prática da divulgação científica pautada na interatividade; nas relações entre Ciência, Arte e Tecnologia.