CDMF propõe spin-off em parceria entre Brasil e Argentina

Proposta será encaminhada ao programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da Fapesp

Parceria Internacional

Centro de pesquisa propõe spin-off em parceria entre Brasil e Argentina

Mariana Pezzo – CCS/UFSCar

O Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), sediado na UFSCar, recebeu na semana passada comitiva de pesquisadores, técnicos e empresários argentinos, em um encontro que marca mais um passo ousado e inovador na trajetória do CDMF: a constituição de uma spin-off em colaboração entre os dois países, Brasil e Argentina, para o desenvolvimento e comercialização de equipamento destinado à produção de filmes finos para aplicações que vão de sensores de gases atmosféricos ao controle de qualidade na indústria alimentícia.

De 11 a 13 de março, estiveram no CDMF Daniel Zoccali e Luciano Vergagni, empresários argentinos do ramo de segurança eletrônica, junto com Nicholas Tibaldi, técnico do Conicet (Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina). Tibaldi trabalha em pesquisas na Universidad Nacional de Mar del Plata juntamente com Miguel Ponce, pesquisador que já colabora com o CDMF há 16 anos e, atualmente, está passando uma temporada no Centro no âmbito do programa de Pesquisador Visitante da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Ponce recebeu os colegas argentinos em São Carlos juntamente com o Diretor Geral do Centro, Elson Longo da Silva.

“Os países da América Latina conversam muito pouco entre si, e esta proposta vem no sentido de interagirmos mais, já que enfrentamos muitos problemas semelhantes. Nosso horizonte é promover o desenvolvimento dos nossos países por meio da Ciência, da Tecnologia e da Inovação, com autonomia em relação a outras regiões como os Estados Unidos e a Europa”, avalia Elson Longo. “A proposta da spin-off se consolida a partir da nossa interação não só com a Argentina, mas também com a Espanha e com outras instituições brasileiras, assim como com a indústria, que já tem várias décadas e nos permite agora mais esse passo inovador”, complementa.

Dentre várias outras frentes de pesquisa, o contexto em que está sendo proposta a nova empresa de base tecnológica diz respeito à linha que busca o desenvolvimento de novos sensores de gases atmosféricos e, particularmente, monóxido de carbono, que é uma das causas mais comuns de morte por envenenamento em todo o mundo. As pesquisas, que já resultaram em várias patentes, envolvem, além da universidade argentina, a Universitat Jaume I, da Espanha, por meio do grupo liderado pelo pesquisador Juan Andres; a Universitá degli Studi di Ferrara, na Itália, na pessoa do pesquisador Cesare Malagú; e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Guaratinguetá, na figura de Alexandre Simões.

Esse trabalho com os sensores exige os filmes finos que, agora, devem fortalecer uma frente de trabalho que, segundo Longo, já existia no Centro, mas de forma ainda tímida, que é o desenvolvimento de novos equipamentos para pesquisa e, também, aplicações industriais, mais baratos que seus congêneres importados. A proposta de spin-off será encaminhada ao programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da Fapesp, sob a coordenação de Nicholas Tibaldi e João Paulo de Campos da Costa, que é pesquisador vinculado ao CDMF. “O Nicholas e o João Paulo tem essa expertise específica dentro do Centro, que é a de projetar e criar novos equipamentos, e agora poderão expandir essa nossa frente de atuação na spin-off“, explica o Diretor do CDMF.

CDMF
O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fapesp, e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN). Multidisciplinar e com inserção internacional, o Centro reúne pesquisadores da UFSCar, Unesp, Universidade de São Paulo (USP), Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Centro de Tecnologia de Informação Renato Archer (CTI).

O CDMF atua no desenvolvimento de materiais funcionais e nanoestruturados, que buscam atender as novas demandas da sociedade em três áreas estratégicas: Energia, Saúde e Meio Ambiente e Sustentabilidade. Mais informações em cdmf.org.br.

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O Laboratório Aberto de Interatividade para Disseminação do Conhecimento Científico e Tecnológico (LAbI), vinculado à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é voltado à prática da divulgação científica pautada na interatividade; nas relações entre Ciência, Arte e Tecnologia.