Uma das pautas urgentes da atualidade é a sustentabilidade, que parte da ideia de atender demandas do presente sem comprometer as gerações futuras. Movidos por essa lógica, pesquisadores do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) construíram e validaram um equipamento de spin coating utilizando materiais de baixo custo que são considerados lixo eletrônico em conjunto com outros componentes, como um microcontrolador arduino.
O artigo, intitulado “Um Spin Coater artesanal baseado em lixo eletrônico: uma alternativa versátil e de baixo custo”, que registra o trabalho, foi publicado recentemente na Química Nova, e tem como autores Sirlon Blaskievicz e Leandro Soares, ambos doutorandos no Programa de Pòs-Graduação em Química da Universidade Federal de São Carlos (PPGQ-UFSCar) e Lucia Mascaro, docente do Departamento de Química (DQ) da UFSCar, todos integrantes do CDMF.
A técnica de deposição por spin coating é uma das mais empregadas por na produção de filmes finos, tornando o equipamento denominado Spin Coater fundamental. Porém, como seu valor comercial pode ultrapassar U$11 mil, o acesso de laboratórios com baixo orçamento fica dificultado.
Pensando nisso, no trabalho publicado, os pesquisadores disponibilizam um tutorial que torna possível a construção de um Spin Coater para a obtenção de filmes finos valendo-se majoritariamente de materiais de baixo custo ou que foram reaproveitados a partir do lixo eletrônico. A estratégia possibilita a construção de um equipamento que desempenha a mesma função dos equivalentes comerciais, porém, custando por volta de R$400.
Blaskievicz explica que durante a fase de estudo e testes existiram algumas dificuldades principalmente por se tratar de um trabalho transdisciplinar, que envolve conceitos de programação, Física e eletrônica, e que foge da área da pesquisa principal dos pesquisadores envolvidos. Contudo, a partir de um projeto similar, no qual o autor também utilizava um motor de HD e um arduino como bases para o projeto, os pesquisadores puderam dar continuidade às investigações.
“A partir disso, fomos pesquisando maneiras de monitorar a velocidade chegando ao sensor infravermelho, bem como a contagem do tempo, e de como imprimir todas as variáveis em um visor de LCD. Por fim, utilizamos um equipamento comercial para comparação e verificamos que a diferença entre as espessuras dos filmes obtidos no equipamento comercial e no artesanal, por meio da medida de secção transversal através do microscópio eletrônico de varredura (MEV), é pouco significativa, validando, portanto, o êxito do equipamento artesanal”, finaliza o doutorando.
O artigo pode ser baixado no repositório do CDMF clicando AQUI.
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CDMF
O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).