A primeira edição do Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação em 2022 reunirá, na próxima segunda-feira (28/03), quatro pesquisadores dedicados ao estudo da nanociência e à aplicação da nanotecnologia em várias áreas. Esse campo de pesquisa tem sido crucial no desenvolvimento de materiais e compostos, em tratamentos de saúde e na criação de produtos para as áreas agrícola, industrial e até de consumo direto.
Um panorama sobre a área será apresentado por Elson Longo, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e coordenador do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP. Segundo ele, a nanotecnologia possibilitou o desenvolvimento e a montagem de dispositivos sofisticados para obtenção de energia solar. Também contribuiu para melhorar o meio ambiente por meio de reações de fotodegradação e para acelerar a velocidade das reações químicas de um fármaco.
“A nanotecnologia de semicondutores abre as portas para o mundo do infinitamente pequeno, com aplicações múltiplas e variadas em áreas como eletrônica, meio ambiente, medicina e economia de energia”, diz.
Outro palestrante será Leonardo Fraceto, do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (ICT-Unesp), campus de Sorocaba. O professor tem se dedicado a pesquisas voltadas à aplicação da nanotecnologia na agricultura sustentável, atento ao contexto de mudanças climáticas. Em sua apresentação, Fraceto detalhará como essa tecnologia favorece os sistemas carreadores de ingredientes ativos para controle de pragas e doenças, ao mesmo tempo em que é aplicada em sensores e sistemas com potencialidades para melhorar o desenvolvimento e a produtividade das culturas agrícolas.
Os avanços e os desafios da nanomedicina com a aplicação de nanomateriais – nanocápsulas, nanopartículas e nanofios – serão apresentados por Valtencir Zucolotto, professor do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (IFSC-USP).
“Os nanomateriais têm sido aplicados na fabricação de sistemas que promovem, ao mesmo tempo, diagnóstico e terapia para várias doenças, incluindo o câncer”, diz. As nanocápsulas fabricadas com membranas celulares, por exemplo, podem promover a entrega de agentes terapêuticos e de diagnóstico de maneira seletiva e controlada, aumentando a eficácia do tratamento e reduzindo os efeitos colaterais.
Juliana Bernardes, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), afirma que a substituição de insumos derivados do petróleo por recursos renováveis e o emprego de métodos verdes para a síntese de materiais têm se tornado tema central para um futuro sustentável.
“Nesse contexto, a nanocelulose extraída de biomassa é um excelente nanobloco de partida”, diz. O material é abundante na natureza, renovável, de baixa toxicidade e com inúmeras possibilidades de utilização práticaâ?¯de tecnologias já existentes, permitindo também o desenvolvimento de tecnologias inéditas. A pesquisadora mostrará como é possível transformar o bagaço de cana-de-açúcar, resíduo agrícola mais abundante no Brasil, em materiais renováveis.
O Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação é uma parceria entre o Instituto do Legislativo Paulista (ILP) e a FAPESP. Realizada desde 2017, o objetivo dessa iniciativa é divulgar os avanços das pesquisas científicas financiadas com recursos públicos.
O próximo evento será transmitido, das 15h às 17h, pelo canal da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) no YouTube. As inscrições podem ser feitas na página do evento.