Estudo inédito emprega nitreto de carbono polimérico em processo de fotoeletrooxidação do metanol

Resultados foram publicados no periódico materials today nano

Pesquisadores do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) em parceria com o Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) foram responsáveis por empregar pela primeira vez o nitreto de carbono polimérico em um processo de fotoeletrooxidação do metanol. A utilização desse material, que tem como características importantes um baixo custo, facilidade de síntese e alto desempenho, apresentou uma melhor performance em comparação com a platina, geralmente empregada em tal processo. Os resultados obtidos pelos pesquisadores foram publicados no artigo “Nickel-modified polymeric carbon nitride for improving TiO2-based photoanode: photoelectrocatalytical evaluation and mechanistical insights”, publicado no Materials Today Nano.

O primeiro autor do estudo e doutorando do Programa de Pós-graduação em Química da Universidade Federal de São Carlos (PPGQ – UFSCar) e integrante do CINE, Sirlon Blaskievicz, conta que a pesquisa focou na otimização do desempenho de fotoanodos baseados em dióxido de titânio com a adição de nitreto de carbono contendo níquel, que foram aplicados na geração de hidrogênio a partir da oxidação de metanol. Com isso, neste trabalho, além da geração de um combustível limpo na reação catódica (o hidrogênio), o material estudado também proporciona a obtenção concomitante de ácido fórmico durante a reação anódica, outro produto de valor agregado.

“A oxidação do metanol serve para fornecer os elétrons necessários para a redução do hidrogênio, e foi possível observar valores de corrente bastante elevados, o que é um parâmetro que mostra uma elevada eficiência do material desenvolvido neste trabalho. Pela técnica de infravermelho in situ, monitoramos o que acontece durante a reação, e vimos que na ausência de luz o metanol é convertido à formaldeído, enquanto sob iluminação foi convertido em CO2 (dióxido de carbono), mas também em ácido fórmico, que é um produto de notável interesse para a indústria”, explica Blaskievicz.

Durante a fase laboratorial, além da técnica de infravermelho in situ, com a intenção de investigar o mecanismo da reação, o pesquisador conta que foram combinados o TiO2 (dióxido de titânio) e um nitreto de carbono polimérico modificado com níquel para a obtenção do fotoanodo. O metanol, por sua vez, foi fotoeletroxidado usando a radiação de um simulador solar. 

Com a otimização do material, a também autora da pesquisa, Lucia Mascaro, professora do Departamento de Química (DQ) da UFSCar e integrante do CDMF e do CINE, conta que os pesquisadores planejam trabalhar futuramente com o escalonamento desse material, ou seja, visionando construir dispositivos maiores com o material obtido.

“Além disso, também está entre os próximos passos do estudo testar este material para fotooxidação de outras moléculas orgânicas, como poluentes e resíduos da biomassa, para acoplá-las em sistema de fotoeletrólise visando a geração de hidrogênio verde”, acrescenta a pesquisadora. 

Também contribuíram com o estudo os pesquisadores Hugo Santos (CDMF), Pablo Fernández e José Luiz Bott Neto (CINE – Unicamp) e Ivo Teixeira (DQ – UFSCar).

O artigo pode ser acessado no repositório do CDMF clicando AQUI.

CDMF

O CDMF, sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).

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