Os deputados do Congresso Nacional da Argentina, Eduardo Bucca e Fernanda Raverta, em carta enviada a dirigentes brasileiros, enfatizaram a importância da pesquisa e desenvolvimento, no âmbito do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), para a criação de um de um sensor de monóxido de carbono (CO), cuja utilização pode evitar tragédias como a que aconteceu essa semana quando seis turistas brasileiros foram encontrados mortos em um apartamento no centro de Santiago, no Chile, por intoxicação por monóxido de carbono.
Altamente tóxico, o gás de monóxido de carbono é incolor (sem cor) e inodoro (não tem cheiro) e por esse motivo fica difícil detectar sua presença no meio ambiente e, se inalado por longos períodos pode levar à morte.
Em carta ao presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Prof. Dr. Marco Antonio Zago; à reitora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Profa. Dra. Wanda Aparecida Machado Hoffmann e ao diretor do CDMF, Prof. Dr. Elson Longo, os parlamentares manifestam apoio às atividades de Pesquisa & Desenvolvimento no âmbito do CDMF destinadas a resolver o problema intoxicações provocadas pelo gás monóxido de carbono e agradecem, em particular, o apoio ao projeto da FAPESP.
A pesquisa, financiada pela FAPESP e CNPq (Brasil) e CONICET (Argentina), Ministério de Ciência, Investigación y Universidads (Espanha) e INFN (Itália), consiste no desenvolvimento de um sistema de interruptor de corte de gás GN ou GE. O dispositivo visa interromper o suprimento de gás de uma instalação se uma concentração de CO, GN ou GE for detectada nos ambientes acima de um nível pré-estabelecido para segurança das pessoas que utilizam estes gases. Além disso, a tecnologia também dispara um alarme no caso de perigo ou atenção. A importância deste sistema consiste em evitar a toxicidade por inalação de CO e o risco de explosão por GN ou GE.
O projeto prevê que os aparelhos aquecedores de água principalmente comerciais e calefatores tenham um sensor eletrônico de CO do tamanho de um chip, que já está desenvolvido e patenteado pelos pesquisadores. Seu sinal é processado por um circuito que, quando detecta a concentração de CO, produz uma interrupção e corta o fluxo de gás.
Em setembro do ano passado os pesquisadores do CDMF apresentaram o projeto no Congresso Nacional da Argentina, a convite do deputado Eduardo Bucca. A Argentina registra anualmente cerca de 250 mortes e duas mil intoxicações por monóxido de carbono.
Devido ao grande número de pessoas acidentadas e mortas por gases, o deputado argentino apresentou um projeto de lei que obriga a utilização deste sensor desenvolvido pelo CDMF. “Tendo em conta a importância que isso acarreta para o nosso país, é que apresentamos um Projeto de Lei na Honorável Câmara dos Deputados, com a finalidade de declarar de interesse público nacional a prevenção de intoxicações por monóxido de carbono, solicitando a readequação das Normas Argentinas de Gas para incluir, de maneira obrigatória, esse dispositivo sensor em todos os aparelhos a gás para uso domiciliar”, escreve o parlamentar argentino.
No Brasil, acidentes são registrados principalmente no sul do País, devido ao uso mais frequente de aquecimento a gás. De acordo com as estatísticas, nos últimos dez anos foram registradas mais de 60 mortes por acidentes envolvendo a inalação de gás.
Em março deste ano, Longo recebeu em São Carlos um grupo de industriais argentinos que têm a intenção de produzir e comercializar os dispositivos.
Nessa sexta-feira (23), o projeto foi apresentado pelo Prof. Dr. Miguel Ponce, pesquisador do CONICET, e pelo Prof. Dr. Alexandre Simões, da Unesp, durante o Simpósio de Pesquisa e Inovação em Materiais Funcionais, organizado pelo CDMF em São Carlos.
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