Artigo de pesquisadores do CDMF discutindo a aplicação de compósitos antivirais em polímeros acaba de ser publicado

novo material já está sendo utilizado em filmes plásticos disponíveis no mercado

O pesquisador integrante do Centro de Desenvolvimento Funcional (CDMF), Marcelo Assis, é o primeiro autor do artigo “PVC‑SiO2‑Ag composite as a powerful biocide and anti‑SARS‑CoV‑2 material” recentemente publicado no periódico Journal of Polymer Research.

Atualmente o desenvolvimento de materiais capazes de prevenir a transmissão dos patógenos COVID-19 está em destaque. Junto a isso, sabe-se há mais de um século que as nanopartículas de prata (Ag NPs) são uma das mais ativas contra microrganismos, além de amplamente utilizadas devido suas propriedades antivirais. No entanto, as Ag NPs são reativas e suas aplicações práticas são frequentemente dificultadas pela oxidação, que resulta em agregação e na perda da atividade antimicrobiana.

Para resolver este problema, a saída encontrada pelos pesquisadores do CDMF e da Nanox Tecnologia, uma spin-off do Centro que desenvolve produtos e aplicações nanotecnológicas e é parceira do estudo, foi dispersar Ag NPs em óxidos metálicos para formar compósitos metal / semicondutores. Dessa forma ocorreu a obtenção de uma heterojunção de sílica com nanoparticulas de prata com propriedade biocida que, por sua vez, foi adicionada ao PVC, onde promoveu uma ação bactericida, fungicida e anti-SARS-CoV-2 altamente eficiente.

“Neste trabalho, é apresentada a fabricação do compósito de cloreto de polivinila (PVC) -SiO2-Ag, no qual a porcentagem de Ag é de 0,84% em peso. Nossos resultados mostram que este composto elimina (> 99,8%) bactérias e fungos (Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Penicillium funiculosum) e SARS-CoV-2, por contato superficial, em 15 minutos. Além disso, a análise de migração específica apontou que o uso do composto PVC-SiO2-Ag é considerado seguro e eficaz para a preservação de alimentos”, explica Assis.

O pesquisador Elson Longo, que também participa da pesquisa, conta que este agente biocida age por oxidação queimando o vírus em qualquer uma de suas cepas (alfa, beta, gamma, delta e mu). “Até o momento já foram produzidas 500 toneladas de plásticos dopados com sílica-Ag anti-coronavírus, oferecendo a possibilidade de proteger os alimentos e aumentar sua conservação. Na vida, a proteção por via dessas nanopartículas reflete a esperança de um mundo melhor”, acrescentou Longo, Professor Emérito do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (DQ – UFScar) e Diretor do CDMF.

Consequentemente, este composto poderá ser adicionado em outros dispositivos do dia-a-dia, como smartphones, roupas, óculos e máscaras, além de ajudar no desenvolvimento de novas tecnologias de desinfecção viral nos setores de saúde, processamento, armazenamento e transporte de alimentos.

Também colaboraram com o estudo os pesquisadores Luiz Gustavo P. Simões, Guilherme C. Tremiliosi, Lara Kelly Ribeiro, Dyovani Coelho, Daniel T. Minozzi, Renato I. Santos, Daiane C. B. Vilela, Lucia Helena Mascaro e Juan Andrés.

Para acessar o artigo no repositório do CDMF clique AQUI.

CDMF

O CDMF, sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).

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