Pesquisadores desenvolvem tecido capaz de eliminar o novo coronavírus

Conselho Federal de Química

Pesquisadores desenvolvem tecido capaz de eliminar o novo coronavírus

Tecido conseguiu inativar 99,9% de partículas virais dois minutos após o contato

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com uma empresa de tecnologia, desenvolveu um tecido com propriedades antivirais capaz de eliminar o agente causador da Covid-19. O material, formado por micropartículas de sílica impregnada com prata, elimina o vírus em dois minutos. O tecido já está sendo utilizado para a fabricação de roupas e, em especial, Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) para profissionais da saúde.

Mas se engana quem pensa que a tecnologia surgiu com a pandemia. O professor do Departamento de Química da UFSCar Elson Longo conta que as pesquisas tiveram início há 14 anos, durante a orientação de doutorado de um dos proprietários da empresa que fabrica o tecido.  “A intenção era produzir um composto para eliminar fungos e bactérias e colocá-lo em tecidos. Quando o coronavírus chegou, a tecnologia já estava desenvolvida para eliminar vírus e superbactérias”, conta.

Longo explica que o vírus morre devido a um processo de oxidação. É como se o tecido tivesse mecanismos que conseguem queimar as bactérias, fungos e vírus. “Quando se tem um machucado, ali há uma inflamação. Jogamos água oxigenada e ali você está oxidando as bactérias. Quando se fecha a ferida, ela está isenta de bactérias foram eliminadas por oxidação. É isso o que o tecido faz”.

O professor detalha que, geralmente, a Química Orgânica é usada em processos de eliminação de fungos e bactérias. Mas a equipe procurou outro caminho, o da Química Inorgânica, aliada aos semicondutores. “Com a sílica e a prata metálica, ocorre um efeito plasmônico da prata. O fenômeno pode pegar elétrons ou dar elétrons com facilidade. Vimos que os semicondutores tinham grande capacidade de decompor a molécula da água, formando um radical hidróxido e um próton. Do outro lado, fica um elétron para oxigênio, que forma um íon peróxido, que pega este próton formando um radical peróxido. Este radical peróxido e o hidróxido oxidam a bactéria, o fungo”.

O tecido tem durabilidade de dois anos, aguenta pressão e altas temperaturas. A ação antiviral resiste de 30 a 35 lavagens. O custo de produção do tecido especial é 5% maior em relação ao comum.

Sobre a inovação e o avanço no combate à Covid-19, o professor acredita que, cada vez mais, a pesquisa traz as soluções para a sociedade. “O método que desenvolveu a tecnologia é totalmente novo na literatura. A pesquisa foi desenvolvida para que, no futuro, tivéssemos elementos de proteção. Se hoje já possuíssemos roupas com sistema antibactérias, estaríamos mais protegidos e a pandemia não nos custaria tanto. Poderíamos esperar pela vacina com mais tranquilidade”, finaliza.

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O Laboratório Aberto de Interatividade para Disseminação do Conhecimento Científico e Tecnológico (LAbI), vinculado à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é voltado à prática da divulgação científica pautada na interatividade; nas relações entre Ciência, Arte e Tecnologia.