Entre os finalistas do “VI Prêmio de Inovação do Grupo Fleury”, que nesta edição tem foco na detecção e diagnóstico de COVID-19, está o projeto desenvolvido pelas pesquisadoras do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) em parceria com o Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) e a startup Visto.Bio. O trabalho apresenta dois tipos de testes rápidos e portáteis que podem detectar precisamente a COVID-19 usando apenas uma gota de saliva, podendo, ainda, fornecer o resultado em tempo real.
Diferente dos testes portáteis encontrados no mercado, os modelos desenvolvidos utilizam uma base sensora eletroquímica descartável contendo nanoestruturas de óxido de zinco, e têm como objetivo primário a detecção da proteína “Spike” (um fragmento do vírus) ou do próprio vírus. Isso permite com que seja possível diagnosticar a doença a partir do surgimento dos primeiros sintomas nos dias iniciais.
No teste do tipo imunossensor, o anticorpo da proteína do vírus é imobilizado nas nanoestruturas e, quando em contato com a amostra de saliva contaminada, se liga à proteína “Spike” fornecendo um sinal elétrico característico. A depender da concentração, o imunossensor é capaz de identificar quantidades da proteína tão pequenas quanto 5 pg/mL sem reação cruzada com outras proteínas.
Já no no teste do tipo polímero impresso com vírus (VIP), foram aplicadas amostras do vírus isolado para construção de um molde do vírus na camada polimérica depositada na base sensora. A precisão do molde quanto ao formato do vírus e a capacidade de detectá-lo, via encaixe, foi comprovada durante a exposição do teste aos vírus causadores de doenças respiratórias, como o SARS-CoV-2, causador da COVID-19, e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR).
Dentre as vantagens do VIP estão a possibilidade de realizar a detecção na saliva e em gotículas da respiração, além do armazenamento em temperatura ambiente, uma vez que não contém material biológico, e pode ser usado em regiões sem ou com difícil acesso à eletricidade.
De acordo com Talita Mazon, pesquisadora do CTI e integrante do CDMF, o teste VIP precisa ainda ser avaliado na presença do vírus ativo, uma vez que os testes foram desenvolvidos com vírus inativado, devido a falta de infraestrutura de biossegurança necessária para o manuseio do vírus ativo.
“Mas apesar disso, ele se mostrou um excelente teste que pode ser adaptado facilmente a outros vírus, possibilitando o desenvolvimento rápido de testes para vírus quando outras pandemias surgirem. Isso porque seria necessário apenas o vírus ser isolado, sem depender de insumos importados”, explica a pesquisadora.
Os testes estão na fase de validação dos resultados frente ao teste RT-PCR (padrão ouro), e o custo de fabricação deverá ficar em torno de US$ 2,00 (dois dólares). Além de Mazon, também participam do projeto as pesquisadoras Aline Macedo Faria, Noemí Angelica Vieira Roza e Agnes Nascimento Simões.
A premiação acontece no dia 4 de dezembro, às 18 horas. O evento será online e a inscrição pode ser realizada AQUI.
CDMF
O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).