Parceria entre universidade e empresas: por que ela se torna cada vez mais tão essencial para o avanço da ciência?
Gustavo Pagotto Simões*
24 de setembro de 2021 | 04h00
O mundo hoje vive às voltas com diversos desafios. Um deles, mais recente, e que ainda coloca em xeque uma série de questionamentos, é a Covid-19. O surgimento desse vírus voraz, que assolou economias e matou mais de 4,5 milhões de pessoas, mostrou um fato: a importância de se investir em pesquisa e inovação, e o quanto a universidade e o mundo empresarial devem andar de mãos dadas.
A chegada do SARS-CoV-2 pegou todo mundo desprevenido. O vírus não pediu licença para entrar, ele derrubou portas de nações, de empresas e da sociedade, fazendo um grande estrago. No entanto, quem já tinha o olhar voltado para a busca de inovação conseguiu rapidamente encontrar soluções para lidar com a pandemia e contribuir para a contenção do vírus.
E não existe pesquisa e desenvolvimento de fato, se não temos a colaboração do mundo acadêmico. Posso falar isso por conta da parceria entre universidades e empresas de tecnologia, principalmente aquelas que oferecem soluções em nanotecnologia e que contribuem com soluções que inativam o vírus e barram a ferocidade do SARS-CoV-2.
Nesse momento, aquela máxima que diz que “a união faz a força” nunca foi tão verdade. No meio, observo que enquanto as universidades viabilizaram possibilidades, empresas realizam testes para confirmar a eficácia das tecnologias.
Investigações experimentais são acompanhadas por cálculos e simulações, feitas por meio de métodos e técnicas avançadas de mecânica quântica, que permitiu a descoberta de tecnologia de prata que são capazes de inativar o SARS-CoV-2 em poucos minutos, dependendo do material onde era aplicado.
Essas inovações possibilitaram a criação de diversos produtos que inibem a ação do Covid-19. Fico pensando nas milhares de vidas salvas por conta dessa união.
Graças à parceria entre iniciativa privada e universidade foi possível o mercado expandir essa inovação em pouquíssimo tempo – poucos meses após o início da pandemia. A partir daí, um mundo de possibilidades se abriu para sua aplicação: das máscaras, passaram a fazer parte de roupas, uniformes, toalhas de mesa, roupa de cama, pisos, filmes plásticos, móveis, entre outros.
Além da prática, a união entre público e privado deu espaço tanto para descobertas como também publicações de artigos científicos.
Para finalizar, as parcerias entre universidades e empresas possibilitam inovações que podem mudar o mundo. Outro ponto é que ter a chancela de uma universidade em produtos e soluções se traduz em confiança sobre o resultado. Que as mãos da academia estejam sempre entrelaçadas com a iniciativa privada. Todos só têm a ganhar com essa união.
*Gustavo Pagotto Simões é Doutor em Química pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), cofundador e Diretor da Nanox
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Nanox
A Nanox Tecnologia é uma spin off do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).