Artigo de pesquisadores do CDMF publicado na Scientific Reports relata potencial de inativação do SARS-CoV-2 por novos compósitos

quitosana/α-Ag2WO4 foi sintetizada com a irradiação de laser de femtosegundo

Células infectadas com SARS-CoV-2 tratadas com o compósito CS6.6/α-Ag2WO4.

Um artigo que conta com a participação de pesquisadores do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) recém publicado no periódico Scientific Reports, do grupo Nature, relata as propriedades bactericidas, fungicidas e antivirais, especialmente em relação ao SARS-CoV-2, de compósitos de quitosana/α-Ag2WO4 sintetizados com a irradiação de laser de femtosegundo.

O artigo, intitulado “Inactivation of SARS-CoV-2 by a chitosan/α-Ag2WO4 composite generated by femtosecond laser irradiation”, avaliou o efeito dos compósitos em ensaios conduzidos com cepas das bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus, com o fungo Candida albicans e com o Sars-CoV-2, coronavírus causador da COVID-19.

De acordo com o pesquisador Elson Longo, Professor Emérito do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (DQ – UFSCar), Diretor do CDMF e um dos autores do artigo, a pesquisa conduzida demonstrou que esses compósitos são materiais bactericidas e fungicidas altamente eficientes e, além disso apresentaram um alto potencial de inativação do SARS-COV-2.

“Nos ensaios conduzidos o compósito quitosana/α-Ag2WO4 (CS6.6/α-Ag2WO4) reduziu em 80% reduziu a carga viral de SARS-CoV-2 em até 80% dos controles, o que é um excelente resultado”, revela o pesquisador.

Outro aspecto interessante dos novos compósitos, como enfatiza Longo, é o fato de apresentarem uma baixa citotoxicidade nos ensaios conduzidos com até 72 horas de exposição, o que aumenta a segurança da utilização destes novos materiais.

O pesquisador também comenta que os resultados encontrados atestam de maneira indiscutível a importância que as heteroestruturas semicondutor/estrutura orgânica devem assumir na fronteira da investigações e do desenvolvimento de novos e inovadores materiais multifuncionais.

“Para isso temos utilizado em muitas de nossas investigações a irradiação em femtosegundos que, em semicondutores, abre novas perspectivas para a ciência de materiais.  Os ‘defeitos’ produzidos na superfície do semicondutor aumentam exponencialmente suas propriedades, aumentando também suas possibilidades de aplicação”, explica Longo.

Representação esquemática da atividade biocida do composto CS/α-Ag2WO4.

A pesquisa contou com a participação de pesquisadores do CDMF vinculados à UFSCar e à Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), da Universitat Jaume I (UJI), da Espanha, da Universität Wuppertal, da Alemanha, e do Instituto Oswaldo Cruz (IOC – Fiocruz).

Para Longo, os resultados apresentados no artigo são fruto da extensa rede de parcerias articulada pelo CDMF, com instituições de pesquisa de extrema relevância nacional e internacional.

“Nesta pesquisa, em especial, vale destacar a participação da equipe do IOC que conduziram os ensaios e produziram as imagens que revelam a ação deste semicondutor na eliminação dos vírus”, destaca o pesquisador.

Além de Longo, o trabalho conta com a autoria dos pesquisadores Paula Fabiana Santos Pereira, Ana Carolina Alves de Paula e Silva, Bruna Natália Alves da Silva Pimentel, Ivo Mateus Pinatti, Alexandre Zirpoli Simões, Carlos Eduardo Vergani, Débora Ferreira Barreto-Vieira, Marcos Alexandre Nunes da Silva, Milene Dias Miranda, Maria Eduarda Santos Monteiro, Amanda Tucci, Carlos Doñate-Buendía, Gladys Mínguez-Vega e Juan Andrés.

O artigo pode ser acessado no repositório do CDMF clicando AQUI.

CDMF

O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).

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