Pesquisador do CDMF é o coordenador do recém inaugurado Laboratório de Caracterização e Gestão de Resíduos Sólidos da Unesp – Presidente Prudente

O LCGRS é pioneiro em diversos tipos de análises e caracterizações em diferentes materiais residuais

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (FCT/Unesp) de Presidente Prudente inaugurou no último dia 22 o Laboratório de Caracterização e Gestão de Resíduos Sólidos (LCGRS), que conta com a coordenação de Silvio Rainho Teixeira, pesquisador vinculado ao Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) e docente do Departamento de Física da Unesp – Presidente Prudente.

A inauguração foi presidida pelo reitor da Unesp, Pasqual Barretti, pelo Procurador Federal, Luiz Roberto Gomes, pelo coordenador do LCGRS e pela diretora da FCT/Unesp, Cristina Maria Perissinotto Baron. Participaram do evento outros dirigentes da Reitoria e de várias unidades da Unesp, representantes de instituições públicas e dos catadores de materiais recicláveis, além de professores e estudantes.  

A proposta do projeto nasceu como resultado das pesquisas que já eram desenvolvidas na universidade há mais de 15 anos com argilas dos solos e resíduos produzidos na região. Além de vislumbrar um laboratório que contemplasse técnicas de caracterização para atender às demandas das pesquisas já realizadas, a edificação traria uma ampliação nas linhas de pesquisas e abriria portas para atender a um público diversificado, indo além do âmbito acadêmico. Atualmente, este laboratório é pioneiro em atender às necessidades das empresas da região para fazerem uso de diversos tipos de análises e caracterizações em diferentes materiais residuais.

A unidade foi implantada com recursos financeiros provenientes de acordo judicial celebrado entre o MPF (Ministério Público Federal), MPSP (Ministério Público Estadual) e Cesp (Companhia Energética de São Paulo), na modalidade projetos socioambientais. O acompanhamento da execução físico-financeira do projeto foi realizado pela Caixa Econômica Federal. O laboratório, delineado em 2011, tem como colaboradores os professores doutores, Agda Eunice de Souza Albas, Antônio Cezar Leal, Rosane Freire Boina e Marcela Prado Silva Parizi.

Tratamento e reutilização

Serão executadas caracterizações físicas e químicas de resíduos, que são imprescindíveis para se conhecer os riscos proporcionados ao ser humano ou ao meio ambiente e para sua reciclagem ou sua disposição final. As pesquisas desenvolvidas por professores e alunos que participam do laboratório irão gerar ações que contribuam com o processo de tratamento de resíduos, por meio de seu aproveitamento como matéria-prima industrial e redução de seu descarte no meio ambiente. 

O tratamento de resíduos, além de mitigar problemas ambientais, como a contaminação do solo, águas superficiais e o lençol freático, apresenta um caráter social, que é a redução de problemas de saúde e de vetores transmissores de doenças, desenvolvidos nos locais de descarte irregular. A reutilização de subprodutos de atividades industriais e domésticas reflete diretamente na redução do consumo de energia e na emissão de gases de efeito estufa, além de ampliar o tempo de vida útil das reservas de matéria-prima.

Formação de recursos humanos

Os resultados das pesquisas na área ambiental, em desenvolvimento no DF (Departamento de Física), além de gerar informações e dados sobre o tema, contribuem na formação de recursos humanos por meio de trabalhos de iniciação científica e de pós-graduação (mestrado e doutorado).

Neste projeto, propomos implantar uma infraestrutura física de pesquisa e desenvolvimento (P & D) na qual serão congregados laboratórios, equipamentos e pesquisadores que atuam nas áreas de engenharia, física e química aplicada ao meio ambiente. O intuito é atender a comunidade regional por meio da caracterização, direcionamento para disposição final e/ou transformação de resíduo em matéria-prima ou produto útil à sociedade, que seria depositado ou descartado no meio ambiente. Este laboratório permitirá outras ações, além das apresentadas, que podem ser importantes para a região, como por exemplo: análise de solos e de argilas utilizadas para a produção de materiais cerâmicos; cursos de formação para gestores, catadores, recicladores e trabalhadores em geral sobre gestão, reciclagem, agregação de valores aos recicláveis e educação ambiental.

Educação e atividades Socioambiental

Poderão ser desenvolvidos ainda projetos e material didático de apoio aos municípios envolvidos no projeto “Coleta seletiva e de rede de reciclagem solidária”, com os objetivos de esclarecer os gestores municipais a respeito da situação dos projetos apresentados em atendimento às “diretrizes básicas para projetos de coleta seletiva e educação ambiental”, no âmbito do acordo MP/Cesp. Objetiva também, incentivar técnicos e gestores municipais, catadores de materiais recicláveis e outros parceiros a desenvolverem atividades conjuntas para o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos em cada município, especialmente na organização de catadores de materiais recicláveis, na implantação de coleta seletiva e processos básicos para agregar valor ao material reciclável, melhorando a renda destes trabalhadores; e contribuir para melhoria da qualidade ambiental e da qualidade de vida na região, com geração de trabalho e renda, e, na disseminação de ações embasadas na educação ambiental.

A Infraestrutura

O Laboratório foi instalado num prédio de 780 m2, idealizado e construído para ser um centro de pesquisas, com dois pisos, tendo no térreo os Laboratórios de Preparação e Caracterização dos materiais. O piso superior possui seis salas para doze alunos de Pós-Graduação, duas salas grandes com baias para 24 alunos de graduação (ou PG), uma sala para seminários, cursos e defesas, para 36 pessoas, uma sala de reuniões e três salas para sete professores. Todas as salas possuem ar refrigerado e pontos de rede. O térreo está dividido em três laboratórios, com capelas e ar refrigerado: Laboratório de efluentes e águas (UV-Vis, pHmetros, Jar Test, estufas e microscópio ótico), Laboratório de preparação dos materiais (moinhos, peneiras, balanças e fornos (1200, 1300 e 1600oC)) e o Laboratório de caracterizações: fluorescência de raios x, difração de raios x, análise térmica (DSC, DTA e TGA), ensaios de compressão (resistência mecânica), filmes finos (sputtering) e sínteses (microondas e Pechinni). O prédio também tem uma copa (com geladeira, cafeteiras, mesa com seis cadeiras e forno de micro-ondas), um elevador e quatro banheiros com acessibilidade. Na frente do prédio principal, foi montado um Laboratório Container, com 60 m2, onde foram instalados os equipamentos que produzem poeira e barulho: moinho de mandíbulas, betoneira, máquina para produção de tijolos ecológicos, micronizador, prensas, e homogeneizador de amostras.  

Dentro do prédio do LCGRS funcionam quatro Laboratórios, que utilizam a infraestrutura instalada: 

– Laboratório de Resíduos Sólidos (LCGRS): Coordenado pelo Prof. Silvio Rainho Teixeira, são desenvolvidas pesquisas na área de Resíduos Sólidos, são feitas pesquisas com diversos tipos de resíduos industriais e urbanos sempre pensando no reaproveitamento para incorporação em materiais usados para o setor da construção civil, como blocos estruturais, tijolos, lajotas para pavimentação, quanto para produção de novos materiais (como vidros e vitrocerâmicas). Dentre os resíduos estudados atualmente, pode-se citar aqueles da indústria de fundição de ferro (areia descartada dos moldes de fundição e a escória), da indústria de papel e celulose (resíduos produzidos durante o processo de produção e branqueamento do papel), resíduos de construção e demolição, cinzas de biomassa (de bagaço de cana e de queima de madeira), lodo de estação de tratamento de água, resíduos de vidro diversos, dentre outros.

– Laboratório de Materiais Cerâmicos (LaMaC): Coordenado pela Profa. Agda Eunice de Souza Albas, as pesquisas são realizadas na área de Cerâmicas Avançadas. São estudados alguns materiais (na forma de pó ou filmes finos cerâmicos) com propriedades especiais, para serem aplicados em sistemas emissores de luz, catalisadores, sensores de gases e conversores de energia. Os materiais cerâmicos na forma de pó são preparados no próprio laboratório, usando diversos métodos de síntese, como hidrotermal, reação de estado sólido e pechini. A partir do pó cerâmico, são preparados filmes finos usando o método de deposição por sputtering, visando aplicações multifuncionais.

– Laboratório de Águas, Águas Residuais e Reuso (LAARR): Coordenado pelas Profa. Rosane Freire Boina e a Profa. Marcela Prado Silva Parizi, são realizadas pesquisas na área de Águas Residuais. São desenvolvidos estudos sobre o monitoramento de qualidade da água, tratamento de águas residuais e reuso em geral, incluindo simulações computacionais. Ainda nessa linha de pesquisa, há estudos sobre os resíduos gerados pelas estações de tratamento de água, como os lodos (ETA). Há ainda estudos sobre o potencial catalítico de cinzas de biomassa, como bagaço de malte e maracujá. 

Núcleo de Apoio à Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos: Coordenado pelo Prof. Antônio Cezar Leal. Visa desenvolver estudos e ações para apoiar a elaboração de Planos Municipais e Intermunicipais de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, implantação de Programas Municipais de coleta seletiva e a organização de catadores de materiais recicláveis em municípios do oeste paulista; formar uma Rede de Empreendimentos Economicamente Solidários para a Reciclagem de Resíduos Sólidos Urbanos no oeste paulista (Rede Regional de Reciclagem Solidária), por meio de cooperativas e associações de catadores e, fomentar e apoiar o desenvolvimento de pesquisas e ações de extensão universitária aplicadas ao tema Empreendimentos de Economia Solidária para a Reciclagem e Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos.

  • Com informações da Assessoria de Comunicação do LCGRS

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