Atualmente, grande parte dos municípios do Estado de São Paulo utiliza total ou parcialmente a água subterrânea para o abastecimento em residências, na indústria e na agricultura. No entanto, a presença de arsênio nas águas do Aquífero Guarani, em especial, é um problema que tem suscitado uma preocupação crescente em termos de saúde pública. Isso porque o consumo de água contendo esse semimetal pesado pode acarretar o aparecimento de lesões cutâneas graves e a ocorrência de perturbações neurológicas no ser humano.
Através da aprovação do projeto que tem como integrantes os pesquisadores do Centro de Desenvolvimento de Materiais (CDMF), Celso Xavier Cardoso e Marcos Fernando de Souza Teixeira, intitulado “Estudo da Presença de Arsênio no Aquífero Guarani na UGRHI-17”, será possível investigar a quantidade e especificar qual o tipo de arsênio (III ou V) presente nos poços do Aquífero Guarani na área UGRHI-17, assim como identificar os mecanismos que potenciam sua presença em águas naturais e apontar as massas de água mais afetadas por este elemento. O projeto foi aprovado pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), que atua em paralelo com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA).
A partir dos resultados alcançados, os pesquisadores poderão construir um mapa de tendência dos teores de arsênio em poços do Aquífero Guarani na UGRHI-17, uma Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Médio Paranapanema que abrange a área de 16.749 km2, agregando os tributários da margem direita do curso médio do rio Paranapanema. Entre os principais corpos hídricos da UGRHI-17 estão os rios Pardo, Turvo, Capivara, Novo e Pari.
Durante a pesquisa serão realizadas coletas de água em poços utilizados para consumo humano em quatro cidades da área UGRHI-17. As análises serão feitas por técnicas eletroquímicas com foco na especiação do arsênio(III) e arsênio(V). Dessa forma, serão detectados os poços com massas de águas afetadas, os possíveis agentes causadores e seus mecanismos.
“O projeto é de extrema importância para verificar a qualidade da água utilizada para consumo humano e para o monitoramento de contaminantes tóxicos (arsênio) à saúde humana e ao meio ambiente no Aquífero Guarani”, explicou Cardoso. A execução do projeto teve início em setembro e é prevista para durar doze meses. Além de Cardoso e Teixeira, também contribui com o trabalho o pesquisador Antonio Cezar Leal, docente do Departamento de Geografia da Unesp, campus de Presidente Prudente.
CDMF
O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).