Adilson Jesus Aparecido de Oliveira, professor titular do Departamento de Física e pesquisador principal do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e Ronei Cardoso de Oliveira, pós-doutorando na mesma universidade e também vinculado ao Centro, publicaram em março, com pesquisadores da Universidade Federal do Paraná e do Instituto Federal de Santa Catarina, um artigo no periódico Journal of Biomedical Materials Research.
O artigo, intitulado Temperature influence on NiFeMo nanoparticles magnetic properties and their viability in biomedical applications, discute a influência da temperatura nas propriedades magnéticas de uma liga de níquel, ferro e molibdênio (NiFeMo) e sua viabilidade para aplicações biomédicas.
As nanopartículas de NiFeMo foram sintetizadas com a técnica de co-precipitação na presença de aditivos orgânicos, e dois estudos foram desenvolvidos a partir delas. O primeiro avaliou a evolução da morfologia, a estrutura cristalina, a composição química e as propriedades magnéticas do material em temperatura ambiente. O segundo investigou a viabilidade celular de fibroblastos, macrófagos e melanomas expostos a nanopartículas não sintetizadas de NiFeMo encubados por 72h. As nanopartículas aumentaram cerca de 114% em volume quando acompanhadas por uma estrutura cristalina estável a a 1000°C de tipo cúbico com parâmetro de entrelaçamento de 0.362 nm e grupo espacial Pm3m. Quimicamente, foi observada redução de oxigênio e carbono de acordo com o aumento da temperatura de tratamento térmico e, como consequência, as propriedades magnéticas também foram alteradas. Constatou-se ainda que em concentrações de até 0.4 μg/mL as nanopartículas não são citotóxicas para células não tumorigênicas. Também se observou incremento na absorção das nanopartículas acompanhando maior concentração de células não tumorigênicas. Os resultados podem contribuir para um aumento de opções de nanopartículas magnéticas para futuras aplicações biomédicas em particular na técnica de hipertermia, que permite aquecimento localizado nas células cancerígenas e como consequência a sua eliminação.
CDMF
Com sede na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e dirigido pelo Prof. Dr. Elson Longo, o CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).