Efeitos tóxicos de metais e nanopartículas em organismos aquáticos é tema de três artigos com participação do CDMF

Pesquisas foram feitas com microalgas e rotíferas

Três artigos com participação de pesquisadores do CDMF sobre o impacto de diferentes substâncias em organismos marinhos foram publicados recentemente. “Toxicity of binary-metal mixtures (As, Cd, Cu, Fe, Hg, Pb and Zn) in the euryhaline rotifer Proales similis: Antagonistic and synergistic effects”, publicado na Marine Pollution Bulletin, descreve um estudo em laboratório que avaliou a ocorrência de sinergia em 21 misturas binárias de dos metais arsênio, cádmio, cobre, ferro, mercúrio, chumbo e zinco e o impacto de cada mistura para colônias de Proales similis, uma espécie de rotífera. A pesquisa identificou sinergismos em 20 das 21 misturas na análise TU50 e em 13 das 21 na análise MIXTOX, considerada uma ferramenta mais robusta e complexa para interpretação dos dados de misturas de compostos. Os resultados apontam para a importância de uma revisão dos limites legais de presença de cada metal na água, uma vez que o sinergismo amplia seus efeitos, mesmo cada metal esteja em concentração menor do que esses limites. Renan Castelhano Gebara e Elson Longo, do CDMF, assinam o artigo junto com Uriel Arreguin-Rebolledo, Gladys Valencia-Castañeda, Roberto Rico-Martínez, Martín G. Frías-Espiricueta e Federico Páez-Osuna.

Publicado no periódico Chemosphere, “Effects of ZnWO4 nanoparticles on growth, photosynthesis, and biochemical parameters of the green microalga Raphidocelis subcapitata” avalia a toxicidade de nanopartículas de tungstato de zinco numa espécie de microalga, e é possivelmente o primeiro estudo sobre a toxicidade desse material semicondutor em um organismo eucarioto. Os resultados indicam que o tungstato de zinco é tóxico para a Raphidocelis subcapitata, causando especialmente inibição de crescimento. Isso reforça a necessidade de monitoramento da presença desse material — utilizado inclusive para remediação ambiental — em ambientes aquáticos. Além de Gebara e Longo, a pesquisadora do CDMF Cínthia Bruno de Abreu assina o artigo, junto com Giseli Swerts Rocha, Adrislaine da Silva Mansano, Marcelo Assis, Ailton José Moreira,, Mykaelli Andrade Santos, Thalles Maranesi Pereira, Luciano Sindra Virtuoso e Maria da Graça Gama Melão.

A microalga também aparece no artigo “Isolated and combined effects of cobalt and nickel on the microalga Raphidocelis subcapitata”, publicado na revista Ecotoxicology. O estudo investigou o efeito dos metais cobalto e níquel sobre o organismo marinho. Os resultados demonstraram que, sozinhos, ambos os metais alteraram o metabolismo da microalga. Misturados, apresentaram efeitos sinergísticos, quando a composição era de uma dose baixa de níquel e uma dose alta de cobalto, e efeitos antagônicos, quando a composição trazia muito níquel e pouco cobalto. Os pesquisadores destacaram a importância de se estudar o impacto de metais combinados em ambientes aquáticos, uma vez que podem ser diferentes de seus impactos isolados. E lembraram também que as microalgas são organismos muito sensíveis a contaminantes e estão na base da cadeia trófica, fazendo com que qualquer dano a elas possa atingir níveis tróficos mais altos. O artigo também tem autoria de Renan Gebara, Cínthia Bruno e Abreu e Elson Longo, do CDMF, além de Larissa Luiza dos Reis, Giseli Swerts Rocha, Adrislaine da Silva Mansano e Maria da Graça Gama Melão.

CDMF

Com sede  na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e dirigido pelo Prof. Dr. Elson Longo, o CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).

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