Como funciona o tecido que elimina o novo coronavírus

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Como funciona o tecido que elimina o novo coronavírus

Gabrielle Lancellotti

Nanotecnologia na luta contra a COVID-19; nanopartículas de prata adicionadas ao polycotton podem inativar o novo coronavírus

tecido que elimina o novo coronavírus aparenta ser uma simples mistura de poliéster e algodão — popularmente conhecido como polycotton. Entretanto, o material é revestido por dois tipos de nanopartículas: as de prata e as de sílica (dióxido de silício), adicionadas por meio do método pad-dry-cure, processo com etapas de imersão, secagem e fixação. Saiba como funciona o tecido que elimina o novo coronavírus.

A empresa Nanox, inserida no mercado de nanotecnologia e criação de materiais inteligentes, deu entrada no pedido de depósito de patente da nova tecnologia. Além de profissionais da própria companhia, a produção do material reuniu esforços de especialistas de diferentes instituições.

O time engloba pesquisadores da Universitat Jaume I, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) — centro apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Como o tecido elimina o novo coronavírus?

Em testes laboratoriais, amostras do tecido foram expostas à soluções com elevada concentração do novo coronavírus — quantidade maior do que, normalmente, uma máscara de proteção entra em contato.

De acordo com a Agência FAPESP, após dois minutos de contato, 99,9% do SARS-CoV-2 foi inativado pelas micropartículas fixadas no material.

Gustavo Simões, diretor de tecnologia da empresa Nanox, explica em entrevista ao G1 que o composto de nanopartículas, presente no tecido, causa uma reação química (oxidação) que produz um tipo de água oxigenada, eficaz na eliminação do vírus.

Além disso, segundo o relatório preliminar — quando o artigo ainda não é considerado conclusivo — publicado na plataforma BioRxiv [biorxiv.org/content], as nanopartículas de prata (Ag NPs) podem interferir na replicação do vírus.

Entre os mecanismos de ação das Ag NPs, é citada a capacidade de adesão à superfície do envelope viral — camada mais externa da estrutura de alguns tipos de vírus.

Com a adesão, é impedida a interação entre o agente causador da COVID-19 e receptores da membrana da célula que seria infectada. Ou seja, o microrganismo não consegue entrar na célula para infectá-la e causar danos.

Vale lembrar que vírus são parasitas intracelulares obrigatórios. Ou seja, eles não têm atividade metabólica e não são capazes de se reproduzir fora de uma célula hospedeira.

CDMF

O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).

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O Laboratório Aberto de Interatividade para Disseminação do Conhecimento Científico e Tecnológico (LAbI), vinculado à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é voltado à prática da divulgação científica pautada na interatividade; nas relações entre Ciência, Arte e Tecnologia.