Artigo com resultados obtidos no Forschungszentrum Jülich, na Alemanha, conta com participação de pesquisadores do CDMF

Projeto desenvolve membranas compósitas para captura de CO2

Problemas ambientais relacionados às emissões de CO2, ao aquecimento global e à mudança climática têm impulsionado o desenvolvimento de tecnologias capazes de reduzir os níveis de dióxido de carbono na atmosfera, oriundos principalmente da queima de combustíveis fósseis. Uma das soluções mais promissoras para esse problema é a captura de CO2 através de membranas inorgânicas, que consistem em um composto condutor de íons, sendo um deles o íon carbonato.

Em razão dessa demanda, o artigo “Tape-casting and freeze-drying gadolinia-doped ceria composite membranes for carbon dioxide permeation”, recém publicado no periódico Journal of Membrane Science e parcialmente desenvolvido no Forschungszentrum Jülich, na Alemanha, durante o período de estágio de Sabrina G. M. Carvalho, buscou produzir membranas mais finas e eficientes utilizando a técnica de tape casting e com estrutura de poros alinhadas por freeze-drying

A pós-doutoranda do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN – USP), conta que, na Alemanha, foram produzidas membranas cerâmicas porosas utilizando as duas técnicas já citadas, sendo que o processo de preparação de amostras por tape casting consiste em preparar uma slurry (solução pastosa) e transformá-la em um filme fino de espessura controlável com o auxílio de uma lâmina niveladora, enquanto que o processo de freeze-drying, por sua vez, equivale a preparar uma slurry, colocá-la em um molde e congelar a solução rapidamente de modo que o solvente utilizado forme cristais orientados que, após a sua sublimação (ou secagem), deixe poros no local. 

A porosidade das amostras foi, em seguida, caracterizada por microscopia de varredura por sonda e, em seguida, as membranas foram infiltradas com uma mistura eutética de carbonato alcalino, para, a partir disso, serem realizadas medidas de permeação gasosa para análise da eficiência das membranas produzidas por cada uma das técnicas.

Após retornar ao Brasil, Carvalho conta que a microestrutura das membranas foi analisada por microscopia eletrônica de varredura e o estudo do comportamento elétrico para caracterização da condutividade iônica foi efetuado por espectroscopia de impedância eletroquímica. “Os resultados do estudo apontaram as membranas produzidas por freeze-drying como aquelas que apresentaram uma estrutura alinhada de poros, o que proporcionou uma maior condutividade da fase cerâmica e, consequentemente, uma permeabilidade de CO2 superior aos valores reportados por outros estudos”, explica a pesquisadora bolsista do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE). 

Carvalho acrescenta que no momento o grupo de pesquisadores está aplicando o conhecimento adquirido no estágio no exterior para a produção das membranas, pelas mesmas técnicas, no laboratório aqui no Brasil. O projeto de pesquisa, que aborda centralmente  o desenvolvimento de membranas compósitas mais eficientes para permeação e captura de CO2, está sendo desenvolvido no IPEN – USP e conta com a participação dos pesquisadores, Eliana N.S. Muccillo e Reginaldo Muccillo, ambos integrantes do CDMF.

Também contribuíram com a execução do estudo publicado os pesquisadores, Fabio C. Fonseca, Michael Müller, Falk Schulze-Küppers, Stefan Baumann, Wilhelm A. Meulenberg, Olivier Guillon.

O artigo pode ser acessado no repositório do CDMF clicando AQUI.

CDMF

O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).

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