Yvonne Mascarenhas vence o Prêmio Joaquim da Costa Ribeiro 2021

SBF

A SBF tem a honra de anunciar a Profa. Yvonne Primerano Mascarenhas como ganhadora do Prêmio Joaquim da Costa Ribeiro de 2021, “por suas atividades de pesquisa pioneiras em cristalografia de raios X e por iniciar uma sólida comunidade científica nesta área no Brasil”. Todo ano desde 2019, o Prêmio Joaquim da Costa Ribeiro reconhece um pesquisador pela contribuição ao longo de sua carreira para a Física da Matéria Condensada e de Materiais no Brasil. A Profa. Mascarenhas é a primeira mulher a ganhar o prêmio.

Yvonne Primerano Mascarenhas nasceu em Pederneiras, interior de São Paulo em 1931. Após mudar-se para o Rio de Janeiro com a família, formou-se Bacharel em Química em 1954 pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Em 1956 mudou-se para São Carlos–SP e, junto com seu esposo, Sergio Mascarenhas, abraçou o desafio de tornar a cidade um centro de referência internacional em pesquisa de Materiais. Como a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo em São Carlos, viria a desempenhar um papel fundamental na atração de outros pesquisadores brasileiros e estrangeiros de altíssimo nível para a cidade, tendo também atuado como pivô na fundação do então Instituto de Física e Química de São Carlos (IFQSC). Em 1959, recebeu uma bolsa de estudos Fullbright e passou dois anos trabalhando no laboratório de G. A. Jeffrey e B. Craven, na Universidade de Pittsburgh, EUA. Era o início de sua paixão pela Cristalografia e um importante passo para a introdução e consolidação dessa área de pesquisa no Brasil, facilitada por sua habilidade impressionante em atrair colaboradores e visitantes internacionais renomados ou em ascensão, tendo alguns deles inclusive se fixado em outros centros brasileiros como IPEN, UNICAMP, LNLS e USP. Ao longo de sua trajetória, trabalhou em instituições de prestígio como Harvard, Princeton e Birkbeck College e participou do grupo responsável pelo desenvolvimento do banco de dados cristalográficos de Cambridge (CCDC). Além de fundadora e primeira presidente da Associação Brasileira de Cristalografia (ABCr), onde também atuou em outras funções, é notável sua participação administrativa nas instituições derivadas da EESC, como o IFQSC e, posteriormente, os institutos independentes de Química (IQSC) e de Física (IFSC).

Em sua produtiva e continuada carreira, a Prof. Yvonne supervisionou cerca de 40 estudantes de mestrado e doutorado, publicou aproximadamente 200 artigos indexados e produziu numerosas contribuições em conferências e simpósios. Seu grupo de pesquisa se tornou um dos centros mais importantes em Cristalografia Química e Biologia Estrutural da América do Sul. Entre seus feitos, destaca-se a colaboração que resultou na determinação da estrutura cristalina da oxitocina (Science, 1986) e de toxinas de veneno de cobras (Eur. Biophys. J., 1992). Além da pesquisa, é notável e incessante seu interesse e dedicação pessoal no treinamento de jovens e suas ações para a promoção de meninas e mulheres nas Ciências. Aliás, a Profa. Yvonne – cientista, esposa, mãe de quatro filhos, é, não somente um ícone da Ciência Brasileira, mas um motivo de grande orgulho e exemplo para suas colegas, mulheres, cientistas.

A comissão julgadora do prêmio foi formada pelos Professores Sergio Rezende (UFPE) e Félix Ynduráin (Universidad Autónoma de Madrid). O prêmio será entregue em sessão solene durante o Encontro de Outono da Sociedade Brasileira de Física, entre 21 e 25 de junho.

Texto extraído do site da Sociedade Brasileira de Física.

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