No ano de 2005, um aluno da Escola Estadual Professor José Juliano Netto foi apresentado à equipe do LaDiC pela Professora de Física de sua escola, Glaucia Grüninger Gomes Costa. O garoto estava ainda no Ensino Médio, e tinha facilidade e interesse pela área das ciências exatas. Acolhido no Laboratório de Difusão Científica do CCMC, coordenado pelo Prof. Antonio Carlos Hernandes e pela Profa. Ariane Baffa Lourenço, à época, desenvolveu um trabalho de Pré-Iniciação Científica junto a outros três colegas, aprendendo como a pesquisa científica é feita em instituições de ensino e pesquisa como o Instituto de Física de São Carlos/USP. Dez anos depois, o garoto que um dia foi aluno de Pré-IC do LaDiC, continua nos laboratórios do IFSC pondo em prática o que começou a aprender enquanto era aluno do Ensino Médio – estamos falando do doutorando do Instituto de Física de São Carlos, Rafael Bruno Barbosa Lima, que nesta semana, nos contará sobre o período em que estagiou no LaDiC e sua visão acerca da importância de iniciativas de Difusão Científica como a que participou.
Formação e posição atual de Rafael
Rafael ingressou em 2008 no Instituto de Física de São Carlos, tendo se formado Físico Computacional no ano de 2012. Em 2013, iniciou sua pós-graduação, também no IFSC, realizando mestrado na área de informação quântica sob a orientação do Prof. Dr. Diogo de Oliveira Soares Pinto (Grupo de Ressonância Magnética) trabalhando com testemunhas de emaranhamento. No começo deste ano de 2015, após a conclusão do mestrado, Rafael continuou seguindo os estudos na área acadêmica, ingressando no doutorado, também sob orientação do Prof. Diogo. O projeto que desenvolve, ainda em etapa inicial versa sobre injeção de ruídos estocásticos em sistemas quânticos abertos.
Os primeiros passos no LaDiC
Rememorando o período em que era estudante do Ensino Médio, Rafael nos contou que motivou-se a procurar a equipe do LaDiC para desenvolver o trabalho de Pré-IC, por seu envolvimento com as aulas de Física do colégio, demonstrando o interesse pela carreira das ciências exatas: “Na época minha professora de Física do ensino médio, a professora Glaucia, ofereceu a oportunidade do projeto para nós e aceitamos”, relembrou o pesquisador, que atuou no LaDiC no mesmo projeto que outros três estudantes.
O trabalho desenvolvido no LaDiC
Rafael e seus colegas (Guilherme, Gustavo e Lucas), tinham um desafio científico para explorar: compreender como uma bexiga, quando colocada sobre os pregos da cama, não estourava, e mais – relacionar os conteúdos aprendidos nas aulas de Física e Química com o experimento proposto pela equipe do LaDiC: “Durante o estágio no LaDiC eu juntamente com outros meninos (Guilherme, Gustavo e Lucas) trabalhamos com um projeto sobre a cama de faquir. Nesse projeto, utilizamos bexigas sobre a cama e adicionávamos massa sobre ela. Assim mediamos o quanto essa bexiga deformou. Além de explicar o porque a bexiga não estourava o projeto também foi útil para estudarmos deformações em polímeros.”
A influência do LaDiC na trajetória de Rafael
O pesquisador nos relatou como o período em que estagiou no LaDiC foi importante para compreender o dia-a-dia da carreira científica, preparando-o para a trajetória que construiu e vivencia em sua profissão: “O estágio no LaDiC me auxiliou no sentido de introduzir o aspecto de como se realizar uma pesquisa científica. Além disso, durante o projeto tivemos que aprender a manusear programas matemáticos para gerar gráficos, tratamento e interpretação dos dados obtidos. Então quando iniciei minha graduação já sabia usar tais programas e como ocorre o processo de pesquisa.”
Rafael e sua visão sobre a Difusão Científica
Na visão do pesquisador, a Universidade Pública que fomenta ensino e pesquisa, precisa também voltar-se à comunidade não acadêmica para difundir os conhecimentos por ela gerados, colaborando para uma maior instrução científica deste público: “Em minha opinião toda a estrutura de um país é baseada em educação e ciência. Talvez se no Brasil houvesse uma divulgação maior sobre ciência nas escolas e mostrar o quanto isso pode ser interessante, teríamos um desenvolvimento científico melhor do que possuímos hoje, em outras palavras, tentar aproximar a população de modo geral a comunidade científica e seus desenvolvimentos.”
Carências da Difusão Científica no Brasil na visão do pesquisador – a importância do LaDiC
Analisando o período de sua formação antes de ingressar na USP, o doutorando avaliou o quanto iniciativas de Difusão Científica como a que fez parte no LaDiC são importantes para motivar jovens estudantes para as carreiras científicas: “Acho que um dos papéis da universidade é tentar aproximar a população do meio acadêmico e dessa forma despertar o interesse das pessoas e o desejo de ser um pesquisador. Hoje em dia no Brasil a universidade e a população estão distantes, gerando incertezas nas pessoas. Recentemente uma pesquisa revelou que muitos jovens não sabiam que estudar na USP era gratuíto (ver o projeto PI dos alunos do IFSC)*. O LaDiC faz justamente esse processo, oferecendo oportunidades para os jovens trabalharem em uma iniciação científica e sentirem o gosto de ser um pesquisador.”
*http://www.ifsc.usp.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3465:pesquisadores-criam-projeto-para-divulgar-informacoes-sobre-vestibular&catid=3:ifsc-hoje&Itemid=281