Metodologias alternativas para análise de biocombustíveis

Reunião no CCMC discute balanço do projeto

Professor Jean Claude M. Peko e Professor Anderson Rodrigues Lima Caires

Durante esta semana, entre os dias 18 e 22 de julho, o Professor Anderson Rodrigues Lima Caires do Instituto de Física da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (INFI/UFMS), permaneceu no Grupo de Pesquisa Crescimento de Cristais e Materiais Cerâmicos (CCMC/IFSC/USP) para reuniões de discussão e balanço do Projeto “Desenvolvimento e validação de metodologias alternativas para melhorar a estabilidade do biodiesel e de metodologias espectroscópicas de caracterização in situ do biodiesel e suas misturas” fomentado pelo CNPq. As reuniões ocorreram em conjunto com o Professor Jean-Claude M’Peko do CCMC, integrante do projeto realizado em colaboração entre as instituições.

O trabalho que está sendo realizado através deste projeto tem como objetivo geral desenvolver metodologias alternativas para analisar alguns biocombustíveis. A fundamentação da pesquisa consiste em propor melhorias nas metodologias padrão, já estabelecidas por agências reguladoras, tanto na Europa como nos Estados Unidos, para a determinação da qualidade do biodiesel ou quantificação do teor do biodiesel na mistura diesel/biodiesel.

Segundo o Professor Anderson, essas metodologias padrão possuem algumas limitações que os pesquisadores têm em vista superar. A proposta então é desenvolver sistemas portáteis, de baixo custo e que possibilite fazer a análise do biocombustível diretamente no local de sua venda e redistribuição: “Estamos propondo metodologias alternativas baseadas em técnicas ópticas, fluorescência e algumas metodologias espectroscópicas que seria o caso de impedância a partir de uma caracterização elétrica, para superarmos algumas barreiras que as metodologias atuais apresentam. Normalmente, essas metodologias padrão existentes hoje são técnicas de laboratório, onde você tem que coletar a amostra, levar para análise, então você tem um tempo de processamento, um custo na logística um custo maior. A metodologia que a gente está propondo, tanto a parte de metodologias elétricas ou óticas consiste no desenvolvimento de sensores, sistemas pequenos e de baixo custo em que a gente poderia ir direto ao posto revendedor de combustível analisar as amostras”, explicou o docente.

Associado a todo desenvolvimento da ciência e tecnologia envolvidas no projeto, os docentes também firmaram o compromisso de colaborar com a formação de recursos humanos. Estão envolvidos no projeto, diretamente, pesquisadores de três universidades: Universidade Federal da Grande Dourados (MS), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (MS) e Universidade de São Paulo, através do Professor M’Peko, CCMC. Há oito docentes atuando na pesquisa em questão trabalhando de forma multi e interdisciplinar, pois integram as áreas elétrica, óptica e química para estudarem a melhora da estabilidade do biodiesel. Uma equipe de 8 alunos entre doutorado, mestrado e iniciação científica também está atuando no projeto. Com essa equipe entrosada, o Professor Anderson avaliou: “No estágio que a gente está atualmente, conseguimos em laboratório desenvolver as curvas que a gente chama de curvas analíticas, onde desenvolvemos um modelo e a partir dessa curva analítica, a partir da caracterização, passaremos para o estabelecimento de um protocolo de análise para posteriormente, de fato, analisar o combustível.”

A etapa de análises laboratoriais, segundo o docente, já foi integralmente realizada, tanto nas áreas elétrica, óptica e também para a estabilização do biodiesel. O próximo passo do trabalho consiste na validação das metodologias, a saber, analisar amostras reais, em diferentes condições, para ver se de fato a técnica funciona e qual é a sua aplicabilidade. O professor Anderson observou: “como as metodologias já foram desenvolvidas, algumas delas foram publicadas em forma de artigos científicos, em revistas, em periódicos internacionais e a outra parte, algumas a gente fez a proteção da solicitação do depósito de patentes. Nós estamos neste estágio do desenvolvimento laboratorial, agora, precisamos validar.”

O potencial da pesquisa tem também como horizonte propor para a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveus, (ANP) uma norma reguladora com vistas a utilizar a técnica desenvolvida para monitorar ou quantificar o teor de biodiesel. Entre as metodologias estudadas, os pesquisadores já realizaram estudos, por exemplo, do potencial da fluorescência para quantificar o teor de biodiesel na mistura diesel/biodiesel.

O encontro dos pesquisadores no CCMC, durante esta semana, por fim, realizou um balanço acerca da frente do projeto liderada pelo Professor M’Peko do CCMC, que consiste nos estudos de caracterização elétrica e de metodologias para caracterização elétrica das amostras. O Professor Anderson avaliou o trabalho da semana e sinalizou como estão prevendo novas ações: “Conseguimos um grande avanço nos últimos quatro anos, desde um outro projeto que tínhamos em conjunto, esse é uma sequência.  Reavemos alguns resultados que foram discutidos nos últimos dois, três anos, para encaminhar a confecção de alguns artigos científicos e também discutimos o projeto de uma nova célula para fazer medidas elétricas e avançar ainda mais em nosso objetivo final, que é desenvolver um dispositivo portátil pra análise in situ. Discutimos desde os fundamentos, de fato, as propriedades elétricas desse material e a partir dessas propriedades, o projeto de um novo dispositivo pra gente construir e ser possível fazer análise in locu e a partir das medidas elétricas com um sistema bem simples, ser possível obter informações que queremos das amostras a serem analisadas”, concluiu.

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